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The Beatles
Rooftop 35 anos!
Por Fernando Valle
São exatamente 35 anos! Uns dizem que são uma vida, outros nem chegam a vivê-la. John Lennon viveu apenas 40 anos, ou seja, 5 anos a mais...
Durante um processo doloroso que começou em 02/01/1969 no Twickenham Studios (onde filmaram "A Hard Day's Night" e "Help!"), num inverno que o próprio George Harrison descreveu como "sombrio", os Beatles começaram um ambicioso (digo ambicioso, depois de gravarem álbuns como "Sgt. Pepper's", "Magical Mystery Tour" e o "The Beatles - Álbum Branco"), de voltar às raízes, gravar um álbum inteiro somente com o básico: Guitarras, baixo e bateria. Ensaia-lo e fazer uma performance ao vivo, em qualquer lugar do planeta... esse era o projeto.
Quando começaram os ensaios, vieram as dificuldades, quando George literalmente "saiu" da banda, reclamando das críticas que recebia de Paul quase o tempo todo pela sua maneira de tocar. Voltou uma semana depois...
Após um período de duas semanas, ninguém agüentava mais o Twickenham. "Parecia um grande celeiro..." diria Ringo na série "Anthology". Mudaram-se para a Saville Row No. 3 Londres, sede da Apple Corporations. Com um ambiente mais sadio, e com a presença de um amigo de George Harrison, Billy Preston (nos teclados), o projeto parecia deslanchar.
Sob a "batuta" de Michael-Lindsay Hogg, desde o princípio desta empreitada, começava o tempo a se expirar, e se perguntavam se dava para terminar o filme em duas semanas. Mas como seria o final?
Dia 30 de Janeiro de 1969 (quinta-feira) - o penúltimo dia das filmagens de "Get Back" (esse era o nome), sobem ao terraço da Apple. Parecia o lugar ideal.
Meio dia, hora do almoço - começa a última performance ao vivo da banda mais famosa do mundo, performance a qual nunca mais se repetiria em toda a história.
Começa com o "Setup" da banda, empunhando as guitarras e regulando o som, e vem a primeira performance: GET BACK, apenas para os acertos de câmeras e som. Ao final ouve-se Michael Lindsay-Hogg pedindo mais "vozes" para as Fenders.
Tudo acertado... agora é pra valer. Começa o último show:
- GET BACK;
- DON'T LET ME DOWN (com John errando a letra no final, erro esse cortado por Paul em "Let it be...Naked");
- I'VE GOT A FEELING (mais uma performance ímpar dos Beatles, mexido por Paul em "Naked");
- THE ONE AFTER 909;
- DIG A PONY (com o início e o fim "cortados" por Phil Spector em "Let it Be", mantido por Paul em "Naked");
- I'VE GOT A FEELING (mixado com a 1ª. versão por Paul em "Naked");
- DON'T LET ME DOWN (versão "inédita" oficialmente);
- GET BACK (performance "abafada" pela chegada da polícia na Apple).
Durou 42 minutos, e poderia ter ido mais além, não fossem as reclamações do vizinho, Sr. Stanley Davis, um comerciante ranzinza, que queria parar com "aquele" ruído. Mas o banqueiro Alan Puverness, do fim da Saville Row, era mais tolerante e disse: " - Algumas pessoas não apreciam música boa!".
Mas a polícia chegou, e Mal Evans desliga a guitarra de John, que foi prontamente restabelecida por George.
Ringo achou (e gostaria que estivesse acontecido) que seria "arrancado" da bateria, mas não aconteceu. Apenas terminaram "Get Back" encerrou-se o concerto. John, sarcástico como ele só, disse ao final: "Eu gostaria de dizer obrigado em meu nome e em nome da banda, e esperamos que tenhamos passado na audição".
Chegava ao fim uma das passagens mais copiadas da história. Aliás o que eles fizeram que não foi copiado ou parodiado?
Depois de algum tempo, chegava aos cinemas o filme como "LET IT BE", com este mesmo show editado mas, com o passar dos anos, ficou antológico e "cult". Era o documentário do fim... fim? Sim, fim de uma era, e o começo de outra. Da imortalização dos rapazes de Liverpool.
Fernando Valle
Programa "BEATLES TODAY"
Rádio Energia FM ZYC 710 89,5
Cataguases - MG
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