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Aventura em Liverpool
Procura-se desesperadamente PAUL McCartney
Eu ainda não acredito que vi o meu maravilhoso homem de olhos caídos em LIVERPOOL quarta feira dia 21 de marco, e ainda por cima estava nevando. Não parece um sonho?
Bem era uma terça-feira cinzenta aqui em Londres (não muito diferente das outras), e eu estava aqui em casa sem fazer nada. Resolvi navegar na Internet, e como sempre fui de imediato para as paginas do Paul. Abri um site que dizia que Paul estaria indo a Liverpool no dia seguinte para assinar algumas copias de seu livro de poesia.
A noticia era bem pequena e não muito detalhada, mas como eu sou muito esperta, dei um jeito de ligar pra loja onde ele iria em Liverpool, e pedi todos os detalhes. Eles me disseram que o Paul estaria chegando por volta da 1:00 da tarde e saindo por volta das 2:30. Eu rapidamente telefonei pro Brett (meu marido) que estava trabalhando, dei a noticia abaladora, e exigi que deveríamos ir pra Liverpool no dia seguinte. Para minha surpresa ele disse: NO WAY (o Brett e inglês). Me disse que teria que trabalhar, que tinha muita coisa pra fazer e bla bla bla....Eu tinha de convencê-lo. Sabia que não iria ser fácil, o que de fato não foi (ele teve que fazer hora extra naquela noite, não parou de reclamar, disse que não era justo...). Eu fiquei quieta, bem quieta, nessas horas o silêncio e o melhor negócio.
Naquela noite eu fui pra cozinha, fiz uns sanduíches preparei nossa cesta de piquenic, voltei pra sala, escutei meus CDs do Paul e pensei: "será muita sorte encontra-lo amanhã, é melhor eu ir sem muitas esperanças". Já era bem tarde e o único a me fazer companhia era o meu gato Tarrant. Me lembro de estar bem cansada e cochilar no sofá, até que o Brett chegou 1:00 da madrugada.
Muito carrancudo e cansado por ter feito em uma noite o trabalho de um dia, eu sabia que não iria ser fácil pra ele, pois o relógio despertaria as 4:15 da madrugada. O relógio tocou e eu estava mais enérgica do que nunca. O Brett mais pálido e cansado do que nunca .Tomei banho, preparei o café, e dei ração pro gato. Chovia muito! Nós saímos de casa as 5:45 da matina, o Brett parecia um zumbi.
A viagem parecia não mais ter fim. Estávamos preocupados porque nevava muito, e a estrada estava muito escorregadia. O Brett repetia toda hora: "por que o Paul escolheu justo hoje?". As paisagens eram lindas e o caminho maravilhoso principalmente por que estava coberto em branco. A cada 30 min. você encontra um conjunto de postos de gasolina restaurantes e hotéis nas principais rodovias que percorrem o país. Então depois de duas horas dirigindo nos tivemos de parar em um dos conjuntos pra tomar um café e comer um bolinho. A cada 30 minutos o Brett tinha de parar o carro pra atender as ligações que ele diverteu do escritório para o celular, e fazia negócios no meio da estrada.
Prosseguimos enato com nossa jornada, que começou na calçada de HITHER GREEN, prosseguindo para COVENTRY, seguindo para BIRMINGHAM, e terminaria no calçadão de LIVERPOOL.
Já eram 11:30 passadas e a rodovia M6 parecia interminável. E eu me encontrava muito nervosa, então avistei uma placa que dizia: "LIVERPOOL 28 MILES" o que quer dizer aproximadamente 30 minutos. Em vinte e cinco min. chegamos a minha doce Liverpool, (cidade de classe média, onde há docas e pessoas de hábitos grosseiros de acordo com alguns ingleses, mas de uma atmosfera magica e acolhedora, que te leva ao passado de uma forma subitamente graciosa e inesquecível). Então havia uma placa dizendo: "Liverpool - Welcomes You!!!" Já me deu vontade de chorar, mas eu guardei todas as minhas emoções pra mais tarde.
Seguimos para o centro, estacionamos o carro no estacionamento do shopping, e de câmera fotográfica em punho fomos diretamente pro calçadão de Liverpool, onde formava-se uma fila gigantesca (mais ou menos 800 pessoas). O povo cantava e dançava, pois a loja onde Paul estaria indo para autografar algumas copias de seu livro tocava altamente suas musicas. Era o sonho de qualquer beatlemaníaco fanático pelo Paul, mas eu me sentia muito frustrada por estar naquela fila.
O frio era inexplicável, congelante, angustiante e desanimador. Eu não sentia mais meus pés e mãos. Então decidi dar uma volta enquanto o Brett esperava na fila. Pensei em comprar o novo livro do Paul, na esperança de só os que tivessem o livro fossem chamados para a hora do autógrafo, então fui até a loja onde em minutos "ELE" chegaria, mas a loja já estava fechada, pois a segurança do homem era forte. Apenas a imprensa pode entrar na loja. Fui numa outra loja e encontrei o livro, £15.00 pounds, comprei-o, e então retornei para fila. De lá escutei os auto falantes dizendo: "Ladies & gentleman, here comes a legend, here comes SIR PAUL McCARTNEY!!!". "Band on the run" começou a tocar, e eu não me agüentei.
Fui para a loja,subi em uma das grades e consegui ver somente a cabeça dele, com muitos empurrões daqui, pisões de pé dali, consegui chegar um pouco mais perto. Daí pedi pro Brett me levantar. Eu não acreditava que eu estava vendo ele ali, sentadinho, com seu olhar meigo.(I saw him standing there).
Retornamos pra fila, sem muitas esperanças porque entravam 5 pessoas a cada 3 minutos e a droga da fila não andava. Depois de quarenta minutos um segurança avisou que ele não daria mais autógrafos, que podíamos ir embora. Algumas pessoas insistiam em ficar dizendo estarem indignados pois esperavam na fila por horas e bla...Um homem que estava atras de nós na fila disse: "eu não me preocupo mais se ele vai dar autógrafos ou não, afinal eu já o vi chegando pela porta dos fundos da loja. E isso, meus amigos já foi o suficiente pra mim!". Imediatamente saímos da fila e fomos para a porta dos fundos da loja, onde encontravam-se poucos seguranças, um carro enorme e um carro pequeno circundados por pequenas grades. Uma em especial não muito fixa. Havia um vão entre uma e outra. Foi ai que eu pensei: "daqui não saio daqui ninguém me tira, só o PAUL!".
Nevava bruscamente o Brett já nem falava nada, estava congelado e angustiado. Eu me encontrava nervosa, muito nervosa. Não havia mais jeito: o Paul teria que passar por mim e o meu sonho de 7 anos tornaria-se realizado. Eu, justo eu, uma garotinha dos subúrbios de São Caetano do Sul, estaria prestes a encontrar um Beatle, uma lenda do Rock'n'Roll que mudou a vida de tantas pessoas. Lá em Liverpool, de baixo da impiedosa neve inglesa. Os minutos pareciam ser horas a emoção era grande!! 2:40 da tarde os quatro seguranças que se encontravam lá quando chegamos multiplicaram-se em dez. Os walk-talks começaram a tocar. Mais seguranças pessoais chegavam, e inesperadamente, abre-se a porta um homem esquisito sai. Ele é vaiado pela grande multidão que ia se aglomerando entre eles, os camera-men, fotógrafos e gente da imprensa.
2:45 - Abre-se a porta novamente e desta vez quem saiu foi "ele" mais lindo do que nunca, sorrindo e acenando para todos. Uma selvagem Audrey tomou conta de mim. Empurrei a grade, gritei bem estericamente "PAUL!" (claro que eu queria ser notada por ele). Ele finalmente me olhou e o segurança dele também. Então, antes que fosse tarde demais, pensei: "aqui vou eu". Traspassei a grade e o segurança tentou me impedir. Mas eu o empurrei e dei um chute ainda por cima!!! O Paul ficou chocado (segundo o Brett), então fui em sua direção com livro e caneta na mão. Ele disse : "OK, OK...", assinou o livro sorrindo e eu comecei a chorar, tamanha emoção e disse: "I came from Brasil just to see you!" Ele disse: "Thank you!". Me devolveu o livro, sorriu e disse: "Take care", apontando para mim.
Resumindo, foi tudo muito rápido, e muito mágico. Toda multidão viu a minha abordagem. Alguns ainda me parabenizaram pela coragem, outros disseram que eu tive muita sorte, mas eu acho que o que eu tive determinação. Não queria morrer sem tê-lo visto em minha vida. Pode parecer bobo dizer isso mas eu fui alguns segundos na vida dele, assim como ele foi na minha. Agradeço a Deus por ter me dado essa oportunidade e ao Brett por ter tido tanta paciência, à minha mãe que sempre me incentivou (e me comprou os CDs), e ao desconhecido santo que divulgou a noticia que o Paul estava indo a Liverpool na Internet (sem ele eu nunca saberia).
Espero que vocês tenham gostado da minha aventura, a qual teve um final feliz.
Audrey Copping
(British Girl)
Londres,Uk
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