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Eu e o Paul na Waterstone's
Bom gente, hoje foi uma daquelas datas especiais: fiquei cara-a-cara com o Paul McCartney pela sexta vez! Como você fans sabem, o Paul lançou o livro "High in The Clouds" e vem divulgando o mesmo amplamento mundo afora. Confesso que fiquei com uma invejinha dos Américanos, mesmo porque recentemente o Paul só quer saber de ficar fazendo shows nos EUA e se esquece de nós, pobres mortais residentes da sua terra natal, a Inglaterra. Já estava de saquinho cheio de escutar o Paul em Turne na América, Paul fazendo tarde de autógrafos na América, Jantar de Gala na América... arghhhhhhh!!! Ninguém merece!
Enfim, mal pude acreditar quando recebi dois e-mails, de duas grandes amigas minha, Bea Bellintani e Aline Lopes, com a notícia de que o Paul estaria fazendo uma tarde de autógrafos do seu novo livro aqui em LONDRES! O e-mail dizia que na Segunda-Feira (12/12) seriam distribuídas na loja de livros Waterstone's (por volta das 7:30h) as "wristbands", ou seja, pulseiras que serviriam de passe VIP pro povão ir ver o Paul na Quarta-feira (14/12).
Tudo muito bom, tudo muito bem, apesar de um pequeno problema: Eu me encontrava no término de férias no Brasil e só retornaria à Londres na Segunda- Feira às 14:00h!
Sem outra saída, eu tive que recorrer ao meu super-hiper-mega-marido Brett, que estava na Inglaterra. Liguei pro Brett, e implorei pra ele ir tentar a fila da loja de madrugada, coisa que ele não gostou nem um pouco de me ouvir pedir, mas disse que faria o possível pra conseguir a tal da pulseira. Viajei do Brasil pra Inglaterra por 12 horas na maior ansiedade. Embora meu assento na classe executiva fosse bem confortável, eu não consegui pregar os olhos e relaxar, tamanha era minha ansiedade. Ao pisar em solo inglês, me senti muito feliz em rever o Brett e mais feliz ainda em ver a pulseira no braço dele. Mas a felicidade se transformou em aflição: que eu notei que a pulseira era daquelas intrasferíveis, feita de plastico duro e cheia de furinhos, nem um pouco flexível. Fui o caminho inteiro do aeroporto até em casa, pensando 1000 jeitos de tentar tirar a pulseira do pulso dele sem danificar.
Em casa, eu besuntei o pulso do Brett com muito sabão e água quente, e disse: "Vai, Brett! Tira aí a pulseira você mesmo, porque eu tenho medo de te machucar". Mas eu acho que o engraçadinho do Brett tava mesmo querendo ir ele mesmo ver o Paul, porque ele não fazia esforço nenhum pra tirar a pulseira do braço e ainda dizia: "Tá dificil, hum...acho que não vai sair não!". Daí me subiu o sangue na cabeça, eu fiquei muito nervosa, tasquei a mão na pulseira e disse: "Ou isso sai por bem ou sai por mal". E depois de quase 5 minutos prendendo o sangue do coitado, eu consegui removê-la. Coloquei no meu pulso, mas ela era tão grande que ficava quase caindo, então, resolvi guardá-la com muito carinho na minha carteira. Segunda e Terça-feira passaram bem rapido, e eu escutei muito Paul McCartney.
Quarta-feira chegou e eu me encontrava muito ansiosa e muito feliz, com vontade de beijar e abraçar o mundo e todas as pessoas que me apareciam pela frente. Vesti uma roupitcha básica: Blusa de la gola olimpica preta, uma saia preta e branca psicodélica, meia calça e sapato preto de salto alto (estilo boneca). Coloquei a pulseira no pulso. Para ela se adaptar ao meu braço, estava com medo que eles percebessem que a pulseira não era minha, e com um orgulho do tamanho do mundo, eu fui trabalhar. Cheguei no meu escritório toda sorridente, dizendo: "GOOD MORNING EVERYBODY!". O povo até estranhou, e alguns até disseram: "O que é que tem de bom?" E eu: "Tem Paul McCartney pertinho de mim"!
Tive uma ideia brilhante: mostrar pro Paul a página do livro "Each One Believing" que tem uma foto minha. Mas de acordo com o cartão explicativo que a Waterstone deu junto com a pulseira, dizia que era pra levar o mínimo de coisas possivel, pois eles iriam checar tudo, incluindo câmeras fotográficas e objetos pessoais. Então percebi que seria impossível levar meu livro. Sabem o que eu fiz? Tirei uma copia dessa pagina, dobrei-a e coloquei dentro do meu casaco. Por volta das 10:30 eu piquei a mula e fui pra Piccadilly Circus, escutando "This Never Happened Before" no meu iPod.
Ao chegar na loja até estranhei o fato de não ter uma fila enorme na calçada, porque tratando-se de Paul McCartney, a coisa fica complicada... e muito tumultuada! Mas enfim, tinham poucos gatos pingados, e eu não pude deixar de notar que de uma lado tinha uma fila com pessoas usando pulseiras verdes, e do outro lado, pessoas com pulseiras azuis. Entao, só pra me certificar, eu fui perguntar pro carinha da loja, pra onde eu teria que ir, e ele de fato apontou para a fila das pulseiras azuis. E lá fiquei pensando com meus botões: "Rapaz, a fila das pulseiras verdes deve ser a fila VIP e a azul a fila do povão!" Eu estava errada, pois em menos de cinco minutos a fila das pulseiras azuis começou a caminhar em direção ao interior da loja. Enquanto a fila caminhava, eu não podia deixar de expressar a minha satisfação ao responder pras várias pessoas que paravam em frente da loja e me perguntavam quem estava chegando e eu dizia com a boca cheia: "esta fila e pra ver o Paul McCartney"!
Em menos de dez minutos eu cheguei bem proxima à entrada da loja, onde uma moça inglesa não muito simpática nos cumprimentou e conduziu nosso pequeno grupo de 5 pessoas (o pessoal estava entrando em grupos de 5) até um caixa com varias pilhas do livro High in the Clouds em cima do balcão e disse: "Agora vocês terão que comprar o livro. E assim fizemos! Em seguida os atendentes do caixa o colocaram numa sacola preta com um grande W (de Waterstone's) e pediram pra seguirmos a mesma moça inglesa. Entramos num elevador junto com ela, e fomos para o segundo andar. Chegando lá, demos de cara com um segurança muito do arrogante e duas mulheres cujo trabalho era guardar as bolsas e os casacos das pessoas. Pensei: "Ferrou! Tenho que guardar a cópia da pagina do livro comigo!". Sem hesitar, a coloquei dentro da minha saia, e a outra metade que ficou pra fora da saia eu cobri com a minha blusa. Pronto! Agora eu estava mais segura!
Dei minha bolsa e meu casaco, pra uma das mulheres, que perguntaram se eu tinha alguma câmera comigo. Respondi que não e ela me deu dois papeizinhos com a minha senha 103 (casaco) e 104 (bolsa). Daí, me pediram pra ir ser revistada por uma outra mulher, mas como eu não tinha bolsos e estava de saia, ela disse: "Obviamente você não esta escondendo nada"! E me deixou prosseguir. "Mal sabe ela que eu tenho um papel dobrado aqui", pensei! Enfim, depois de todo esse auê (eu cheguei à conclusão de que o sistema de segurança dele é tão forte ou até pior do que o do presidente dos EUA), me disseram que eu finalmente poderia ir pro terceiro andar, que estava fechado exclusivamente para o evento. Subi um lance de escadas e fui recebida por um outro segurança, esse bem mais legal do que o outro, bem mais brincalhão. E ao me posicionar na fila, não pude deixar de reparar no pequeno numero de pessoas: apenas 40 contando comigo. Depois de 5 minutos, eles deixaram mais 10 pessoas subirem e eu escutei alguém dizendo assim: Neste andar apenas 50 pessoas poderão ficar, mandem o resto pro andar de cima. Ah... também notei que todo mundo ali na fila tinha a tal da pulseira azul. Minutos mais tarde eu comecei a conversar com um senhor que estava na minha frente. Perguntei pra ele se ele sabia o porquê das cores diferentes nas pulseiras e ele me explicou que as azuis foram distribuidas pros 100 primeiros da fila na Segunda-feira e as verdes eram pros outros 100 que chegaram depois!
E por volta das 11:30, chega uma outra mulher e diz: "desculpa aí gente, mas eu vou ter que recolher o livro de vocês, pois vocês irão receber um do proprio Paul, que já está pré-assinado. O povao comecou a reclamar, dizendo "onde já se viu, pré-assinar os livros e bla bla bla..." E a mulher diz: "O Paul prefere per assinar os livros, pois dessa forma ele tem tempo de conversar olhando nos olhos da pessoa, ao invés de se preocupar em assinar e conversar ao mesmo tempo. Um imbecil que estava na minha frente fez a infeliz pergunta pra mulher: "Você saberia me dizer se o Paul vai assinar SIR Paul McCartney ou somente Paul McCartney?" A mulher respondeu: "Eu realmente não sei te responder isso! Virou as costas e começou a recolher os livros. E ali ficamos, observando o movimento da Imprensa chegando, os fotógrafos, os reporters, etc. Quando eu já estava começando a ficar injuriada com a demora (isso, já era por volta do meio dia), avisto um bando de crianças vestidas de uniforme escolar descerem as escadas com 3 professores. Aparentemente, essa escola estava concorrendo, junto com outras varias escolas, a participação neste evento e acabou sendo a vencedora.
Então, eu já cansada de ficar ali de pé, resolvi folhear um livro de fotos dos Beatles. Via a carinha linda do Paul e não conseguia evitar de pensar que em instantes eu o estaria vendo bem ali diante dos meus olhos! E foi eu terminar esse pensamento, que comecei a escutar o povo batendo palmas e gritando Paul! Paul! Paul! Por um minuto eu não pude acreditar que estava o vendo ali na minha frente, descendo as escadas do 4 andar pro nosso, acompanhado de 4 segurancas. Ele vestia um terno cinza escuro e uma camisa vermelha por baixo. E assim que ele desceu, fez um gesto com a mão de quem queria escutar o povo gritando seu nome mais alto. Só aí, já deu um banho de simpatia, pois a maioria dos artistas que fazem esse tipo de evento chegam de cara fechada e marruda, como se estivessem fazendo um favor pros fãs. Bom, eu sei que me alegrei muito em vê-lo, e fiquei meio que nervosinha com a sua passagem. Mas nada comparada com a primeira vez que eu o vi. Até pensei: "Nunca mais vou sentir aquele nervosismo que senti da primeira vez"!
O Paul se dirigiu até uma cadeira, os fotografos cairam em cima dele feito urubu. Tudo que se via era uma grande nebulisidade de flashs! Depois de uns 5 minutos posando para os fotógrafos, Paul decidiu se sentar. E começou a ler passagens do livro pras crianças. Ele fazia caras e bocas imitando os personagens do livro e as crianças se deliciavam com a doce historia do esquilo Wirral. Passados 10 minutos da leitura (por volta de meio dia e quarenta e cinco), as crianças se retiram do recinto, bem como o pessoal da Imprensa. Paul se levanta e vai cumprimentar um pessoal que esta ali de pé (provavelmente da imprensa), se despede e dessa vez senta numa mesa rodeada de copias do livro "High In the Clouds". Quando eu menos espero, a fila começa a andar rapidamente, e um outro segurança passa pela fila pedindo pro povo manter a menor conversa possivel com o Paul, pois dessa forma todo mundo (ou seja, o resto do povão com pulseira verde) conseguira receber o livro, e finalizou dizendo: "vocês cumprimentam o Paul com um aperto de mão, pegam o livro, dizem obrigado e se retiram!". Daí me baixou um instinto aventureiro e desobediente "BritishGirl". Pensei comigo: "O QUÊ? MÍNIMO DE CONVERSA POSSIVEL? Tá louco, esse cara? Eu tive todo esse trabalho pra chegar aqui e fazer o minimo de conversa possivel? De jeito nenhum! Eu vou conversar com ele, vou mostrar minha fotocópia, enfim, vou fazer o contrario, pois não é todo dia que encontramos um Beatle". E não é que o pessoal obedeceu às ordens! Eles chegavam la na mesa do Paul, o cumprimentavam, pegavam o livro e saiam sem abrir a boca!
Continuei andando em direção ao Paul e a cada passo que eu dava, mais eu gelava. O meu nervosismo me surpreendia, pois estava chegando à conclusão de que não importava o número de vezes que eu o veja, irei sentir a mesma coisa, como se estivesse vendo-o pela primeira vez. Assim que fui me aproximando dele, não pude deixar de notar que havia um senhor um pouco mais à frente que eu na fila, que segurava um envelope (devia conter alguma carta), então, me senti segura de mim e tirei a minha cópia pra fora da saia. De repente eu escuto a voz grossa de um segurança: "O que é esse papel aí na sua mão?" Olhei pra ele, e para o meu alivio, a pergunta estava sendo feita para o senhor do envelope e não pra mim! Ufa! Até suei frio na hora!
O senhor que segurava o papel respondeu que era uma cartinha que ele queria entregar pro Paul. E o grosso do segurança sem coração retrucou: "Nada disso"! Me dê a carta que depois eu entrego a ele!" E assim foi feito: o senhor lhe entregou a carta e se dirigiu em direção ao Paul. Pensei: "Ih, rapaz, sujou! O mano segurança aí vai ver o meu papel agora!" Tratei de esconder o papel debaixo do braço e eu não via hora de ir falar com o Paul, antes que os seguranças me vissem segurando o papel. O pior é que a pessoa que falava com o Paul não parava de fazer perguntas e um minuto se tornou uma eternidade pra mim.
Enfim, consegui passar pelo segurança grossão e sem coração e fiquei mais tranquila, mas ao mesmo tempo nervosa, pois isso significaria que era a MINHA VEZ de ir falar com o Paul. Ao me aproximar da mesa notei um bule de chá, uma xicara, e um prato de torradas com manteiga e geléia de morango por cima. E atrás da mesa, tinha um cameraman filmando as pessoas que iam falar com o Paul. Ele olhou pra mim, minhas pernas começaram a tremer, nervosismo geral tomou conta de mim. Me aproximei da mesa (ainda me pergunto como sonsegui andar até a mesa sem cair, porque não sentia mais as minhas pernas). Então, me deparei com um MARAVILHOSO par de enormes olhos caídos. Era o beatle Paul me olhando! Eu disse: "Oi Paul!" E ele disse (com uma voz muito estranha, meio de senhor de idade) "Hiiiii" - estendo a mão pra mim. Eu, por minha vez, num estado de nervosismo puro, me atrapalhei toda e deixei o papel que estava escondido debaixo do meu braço cair, o Paul vendo isso, ia puxando a mão de volta, achando que eu não queria lhe dar a mão. E eu mais do que depressa estendi prontamente minha mão, e disse com a voz tremida:
- You know Paul, there's a picture of me in your book!
- Oh yeah? - Disse, me olhando com aqueles olhões arregalados, bem Beatle.
- Let me show you (tentando abrir o papel que estava dobrado, e achar a minha foto).
- Yeah, show it to me!
- Look it! It is me! - disse eu, desdobrando o papel e tremendo a mão feito vara verde e apontando pra minha foto.
- Oh yeah, you're right! That's her there! Wow, superb! (abrindo o resto da pagina)
- What book is that? Is it.....
- Each one believing - falamos ao mesmo tempo.
- Oh great! I am glad you are there! (voltando o olhar para mim).
Fiquei mais nervosa do que nunca com aquele olhar... apenas olhei pra ele... até que desembuchei:
- Well... It's such... a big hounor for me to be there Paul!
Paul sorriu, pegando uma cópia do livro e entregando na minha mão.
Peguei o livro da mão dele, com o olhar fixo nos dele, os quais tem uma cor indescritível, um verde escuro penetrante.
- Thank you!
- You, take care! (piscando o olho esquerdo para mim)
E assim eu saí da loja mais nervosa do que nunca! E muito orgulhosa, mesmo porque acredito que fui uma das poucas pessoas que quebraram a regra do "aperto de mão/recebimento do livro/obrigado". Tenho certeza que este foi o melhor Dezembro da minha vida!!!!!!!
Audrey
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