Entrevista
Marco Antonio Mallagoli
A turma do Revolution na porta do Strawberry Fields

As excursões do fã-clube Revolution já estão entre as maiores tradições da Beatlemania nacional. Praticamente todo ano o presidente do fã-clube, Marco Antonio Mallagoli, reúne uma turma de fãs e parte para uma beatletour repleta de surpresas e emoções. Saiba como participar na entrevista abaixo (JC).

Mais informações: www.revolution9.com.br
E-mail: revolution@revolution9.com.br

Como estão os preparativos para a viagem que o Revolution fará à Inglaterra em agosto?
Para este ano já temos um grupo formado - pois é preciso no mínimo de 10 pessoas, número que já atingimos - e ainda tem várias pessoas que não confirmaram. Mas não existe limite máximo do número de pessoas para o grupo, portanto se alguém ainda estiver interessado é só entrar em contato. O importante e que não demorem muito. Já estamos com um pé em LIVERPOOL - A Cidade Santa, como gosto de chamar.

Qual o roteiro dessa viagem. Há alguma surpresa esse ano?
Vamos participar da BEATLEWEEKEND, após alguns anos de ausência, mas recebemos esta ano um email do pessoal da organização nos convidando a participar de novo e ajudar na divulgação e resolvi montar um grupo para prestigiar o evento. Sei que qualquer evento que seja ligado a BEATLES é sempre um sucesso, mas na última vez que estive lá, me decepcionei como fã, pois vi muita coisa acontecendo por que não tinha nada a ver com os BEATLES. E não só eu, mas um grande grupo de Fã-Clubes do mundo todo. Criamos um novo evento e começamos a visitar a cidade em Outubro, na data do aniversário de JOHN LENNON onde planejamos os eventos e passeios para fãs dos BEATLES e contamos com a ajuda da minha amiga JACKIE. Em uma das últimas vezes que lá estive, o pessoal do Cavern Club conversou comigo e me convidou a participar de novo, pois eles me disseram que querem voltar a "focar BEATLES" de novo e gostariam de ter nosso grupo com eles.

Mas nossa viagem não vai se prender só no evento, vamos fazer passeios extras e ir a lugares que fazem parte da história dos BEATLES, mas que nem todo mundo conhece, nem todos sabem e poucos tem acesso, além de serem locais onde livros, revistas, sites, etc, nunca divulgaram, ou seja sempre temos "várias cartas nas mangas". LIVERPOOL é sempre uma surpresa, estar lá já é maravilhoso, saber que você está pisando em solo onde os BEATLES nasceram, cresceram e deram ao mundo a melhor música do universo, e a partir do dia que você pisa lá, você se sente parte atuante dessa história, é uma sensação que não tem preço, já vi muita gente chorar ao chegar a cidade – inlcusive eu. Vamos a BEATLEWEEKEND, mas nossa TOUR será bem mais ampla do que o programado por eles - e olha que não é pouca coisa.

Mallagolli, Margareth (essa senhora mora na casa que o John morou), Jackie e Edméa

Qual o custo que cada passageiro tem em uma dessas viagens do Revolution ?
Na verdade realizar o sonho de estar lá em LIVERPOOL, não tem dinheiro que pague. O custo de uma viagem dessas varia a partir do momento que se organiza até o momento da saída. Lá fora o pessoal se organiza com dois, três anos de antecedência e já faz as reservas, etc... Aqui no Brasil o pessoal deixa tudo pra última hora, por isso fica difícil conseguir os melhores lugares e os melhores preços, ou seja os primeiros são sempre bem melhor servidos, e sempre damos um jeitinho. Hoje em dia as cias aéreas estão loteando os vôos, e a cada número de assentos vendidos ou por um certo período eles vão subindo o preço e não tem como conseguir desconto, ainda mais depois que a Varig, saiu do mercado.

E os hotéis, como no caso da cidade de LIVERPOOL - que recebe mais de 15.000 a 20.000 pessoas/dia nesse evento - não tem toda essa capacidade de absorção, ou seja, quem faz reservas antes, com certeza pega os melhores lugares. Já vi casos de pessoas que foram pra lá e ficaram em hotéis de outras cidades e em LIVERPOOL rolam shows até de madrugada, mas os trens e ônibus que vão para outras cidades só funcionam até meia-noite, o que faz com que as pessoas que não estejam acomodadas em hotéis na cidade tenham de ir embora mais cedo, perdem muitos shows e acontecimentos históricos. Isso sem contar que ainda tem de viajar pelo menos 30/40 minutos até chegar ao Hotel onde esta hospedado e no dia seguinte tem de acordar mais cedo para chegar logo a LIVERPOOL... E tem ainda o custo da passagem ida e volta, etc., ou seja se podemos simplificar, por que complicar? Quem fica lá na cidade é só ir pro Hotel, pois é tudo proximo e dormir sossegado... he he he...

Já encontrei por lá também muito brasileiro que foi por conta própria, pois achou que o nosso pacote era caro e acabou se dando mal, gastando mais, não vendo nada e pedindo para entrar no grupo, o que não é possivel quando estamos lá, pois eles lá calculam tudo certinho, não tem esse "jogo de cintura" que nós temos aqui e eles não abrem mão disso. Sem falar naqueles que foram pra lá e não viram nem um terço dos lugares que visitamos e/ou passaram por diversos locais onde os BEATLES estiveram e não sabiam, viram depois por fotos... he he he... Mas não aproveitaram o que podiam enquanto estavam lá.

Um grande amigo meu foi a Londres e na volta veio me mostrar as fotos que ele tirou em frente ao prédio da Apple, na Savile Row, só que ele tirou as fotos em frente ao prédio errado, na outra esquina... he he he... E ele não se conforma com isso até hoje. Eu acho que a idéia da nossa TOUR é levar aos fãs brasileiros a realizarem a "viagem da vida deles" e sempre acontece que nessas viagens a gente acaba criando uma amizade muito grande e ele vai se lembrar sempre com muito carinho desse período.

Afinal viajar com a gente é uma segurança, pois além de eu já conhecer relativamente bem a cidade, servir de guia, interprete e aconselhar os melhores locais onde comprar materiais, etc... A pessoa pode ter certeza de que não vai perder tempo procurando lugares, que muitas vezes ela nem encontra. Eu já estive lá 17 vezes e posso dizer que ainda não conheço tudo na cidade e tem gente que vai pra lá uma vez, duas fica na Mathew Street e diz que conhece tudo por lá. Mas quem quiser participar dessa viagem é só enviar um email que eu passo o preço do dia.

Mallagolli em dois beatleplaces



E que providências devem ser tomadas para que se possa entrar na Inglaterra com segurança?
Eu nunca tive problemas em entrar na Inglaterra, e nem o grupo que viaja comigo. Eu já faço essa viagem há muito tempo - essa é a 18ª vez que vou a LIVERPOOL - e dou assistência ao pessoal desde a saída daqui do Brasil, e fico junto quando chegamos na Alfangeda de lá, mesmo aqueles que falam inglês. Como sempre passo primeiro pelos fiscais da alfândega e eu já aviso a pessoa que me atende que somos um grupo de fãs dos BEATLES,que estamos visitando o país por causa deles e informo o período que vamos ficar. Por precaução, eu tenho passaporte desde 1974 - eu levo comigo todos os passaportes com todos os vistos, entradas e saídas, etc, não só na Inglaterra, mas em diversos outros países – incluindo o visto para entrar no USA de 10 anos - e se precisar eu posso mostrar isso, mas nunca foi neccessário.

Para entrar lá e só ter o passaporte em dia (não precisa visto) e a passagem de volta com data marcada, mas eu dou toda orientação e assistência necessária. Sempre entramos e saímos sem problemas e eu dou atenção a todos do grupo, ninguem vai correr o risco de não entrar. Até porque acho que se eles forem fazer alguma pergunta sobre os BEATLES, eu acho que vou saber responder... he he he....

O Revolution promove essa tour há vários anos, certo? Quando começou e quem teve a idéia?
Em 1974 eu fui à Inglaterra pela primeira vez na vida e estive em Londres, onde visitei os escritorios da Apple, ainda haviam dois, um na Savile Row e outro na St. James Street. Eu tinha uma amiga - Sue, que na época era minha correspondente que trabalhava na Apple e quando cheguei em Londres ela me avisou que o RINGO estava para ir nos escritório da St. James Street.

Eu cheguei no Hotel, larguei o grupo lá (estava com um grupo feito pela faculdade, não eram fãs dos BEATLES) e fui sozinho ate lá. Mas o RINGO não havia chegado e eu não tinha muito tempo para ficar lá. Eu tinha passado antes em New York e tinha comprado um baixo Hofner, que sumiu ao chegar em Londres, pois nosso grupo se dividiu em 3 ônibus e 3 Hotéis diferentes. Alguém o levou para mim e eu tinha de procurá-lo. Imagine meu desespero - procurar o baixo, esperar o RINGO, que não vinha e conhecer os outros locais BEATLES e tentar ir a LIVERPOOL. Como o RINGO não chegava, ela me disse para ir até a Savile Row. Se ele chegasse por lá ela me chamava e dava um jeito de segurá-lo... é relativamente perto um escritório do outro.

E lá fui eu para Savile Row. Quando cheguei lá, vi aquela escada que no filme "LET IT BE" o JOHN desce (durante a música "For You Blue") e não pensei duas vezes, desci... he he he... Fui recebido por um rapaz que não estava nem aí, e ele me disse que o BADFINGER estava lá gravando... Eu corri ao estúdio, mas só haviam guitarras ao chão e ninguém estava lá. Um cara que apareceu e disse que eles tinham saído para comer alguma coisa e eu vi um pedal de guitarra "cry-baby" no chão. Esse cara me disse que esse pedal era do GEORGE HARRISON. Nisso alguém grita: - Tem algum brasileiro aqui?

- Eu, por quê?

- A Sue (minha amiga) ligou e disse pra você correr para lá que o RINGO está no escritório da St. James.

E eu corri. Ao chegar lá, encontrei um tumulto na porta. Mas ela veio me salvar e me colocou pra dentro. Quando cheguei lá vi o RINGO saindo pela porta lateral e entrando no carro. Foi frustrante por não conseguir falar com ele, mas foi maravilhoso estar lá. Por causa da procura do baixo deixei de ir a LIVERPOOL. Isso foi muito frustrante, mas acabei encontrando o baixo na casa de um dos guias da tour - ela havia tentado roubá-lo de mim.

Em 1979 tive a oportunidade de voltar à Inglaterra, eu já tinha fundando o fã-clube REVOLUTION, de uma dissidência do BEATLES CAVERN CLUB do Luiz Antonio e resolvi ir atrás dos BEATLES de verdade por onde eles estivessem. E um dos lugares para começar era conseguir realizar um sonho - conhecer LIVERPOOL. Quando cheguei na cidade, ninguém sabia o que era o Brasil, só conheciam o PELÉ, mas nem tinham idéia de que os BEATLES eram um "marco" aqui, e muitos ficaram abismados em saber que eu havia ido até lé por causa deles.

Alguns amigos me levaram a lugares como PENNY LANE, STRAWBERRY FIELDS e lógico eu os encontrei na Mathew Street - na época o CAVERN CLUB já havia sido soterrado e existia um fã-clube chamado "CAVERN MECCA" que foi quem organizou as primeiras "BEATLEWEEKEND", mas depois de um tempo sumiram. Eu participei de umas 3 versões desse evento como convidado, onde fiz palestras para o pessoal que ia lá curtir, junto a MARK LEWISOHN, que eu tive o privilégio de conhecer lá, DEREK TAYLOR, que virou um grande amigo e a chance de rever e conversar com CYNTHIA LENNON, entre outros.

Havia o pessoal de fã-clubes do mundo inteiro com quem eu trocava correspondência - naquela época era carta pelo correio mesmo, não tinha internet - e era muito legal conhecer todas aquelas feras ao vivo. A partir daí eu comecei a fazer essa viagem quase que anualmente. Algumas vezes ía alguém comigo, até que de repente esse interesse das pessoas começou a crescer e comecei a formar grupos. E estamos assim até os dias de hoje...

A banda Revolution e um brasileiro que apareceu na hora e participou do show.

A banda Revolution tem feito apresentações em vários lugares de São Paulo. Vocês pretendem tocar na Inglaterra esse ano?
Temos feito shows não só em São Paulo, mas em vários locais do Brasil, mas normalmente são shows fechados, não abertos ao público, ou às vezes em grandes Shoppings. Não vamos tocar este ano na Inglaterra, pois eu não curto essa coisa de tocar nesse evento.

Eu já toquei contrabaixo, não me lembro se foi em 1981 ou 1982 com o Laurence Juber (na época era guiatrrista-solo do WINGS), em um jam que ele fez em LIVERPOOL, na época num local que era considerado o Cavern Club da cidade.

E já toquei no Cavern Club atual diversas vezes, sozinho com meu violão, sempre no dia 9 de Outubro, fazendo minha homenagem a JOHN LENNON e aos BEATLES, e engraçado fui até remunerado pelo pessoal do bar. Eu fiz um show uma vez lá onde eu toquei algumas músicas - Starting Over, All those years ago e Mind games, em homenagem a JOHN e quando terminei meu set, o pessoal de lá veio me pedir para tocar mais um pouco, e eu que ía tocar lá por 15 minutos acabei tocando quase que 3 horas seguidas. E foi engraçado, pois eu perguntava ao público que música dos BEATLES eles queriam ouvir - como faço nos acústicos dos Shoppings aqui no Brasil - e tocava o que eles pediam e como sempre eu conto alguma história da música e isso cativou o pessoal de lá.

Esse show foi documentado por uma revista japonesa, L.I.B, mas está escrito em japonês, e lá eles me elogiaram muito. Quando acabei de tocar, chegou um cara, que era tipo o "dono do pedaço", com o violão, um porta partitura e começou a tocar algumas músicas, mas sem comentar nada entre elas. O público começou a pedir músicas que ele não tinha e ele não tocava. Ele ficou muito "p" da vida com isso, pois ele tinha assistido uma parte da minha performance. Para mim isso é o suficiente para saber que um verdadeiro fã está disposto a tudo com o verdadeiro conhecimento. E sempre estou aberto a convites.

Cavern Club!









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