Max Mismetti
Há algum tempo a banda Fab Revival (www.fabrevival.com.br) divulgou em seu site 5 arquivos de mp3. Em duas delas ("You Never Give Me Your Money" e "Let It Be"), Max Mismetti dá uma mostra do seu grande talento em interpretações excelentes, fazendo o Papel de Paul McCartney. Confira aqui uma entrevista com o músico da banda sensação no circuito paulista atual.
Há quanto tempo você é fã dos Beatles? Consegue lembrar de como os conheceu?
Faz 16 anos. Em 1985, minha mãe tinha me dado o LP "Give My Regards To
Broad Street", pois eu era fã de "No More Lonely Nights". Em 1988, numa
feliz coincidência com o lançamento do catálogo dos Beatles em CD, eu
fui atrás das versões originais das canções dos Beatles contidas
naquele LP ("Good day sunshine", "Yesterday", "Here there and
everywhere", "Eleanor Rigby", "For no one", "The long and winding
road"), gostei MUITO e fui comprando um CD dos Beatles por mês até
completar a coleção no ano seguinte.
Você faz o papel do Paul em uma banda cover e tem um excelente site sobre os intrumentos usados por ele. Ele é o seu Beatle favorito?
Já cheguei a pensar que sim, mas toda vez que ouço uma "Blow away",
"Nobody told me", "Photograph", enfim, qualquer canção de qualquer
ex-Beatle, eu vejo que não consigo ter um preferido. Talvez eu ouça
mais Paul McCartney simplesmente porque é o Beatle com mais material
disponível - oficial e não-oficial.
Como pintou a idéia de lançar o site só sobre os instrumentos e técnicas do Paul? Aliás, que instrumentos você possui?
Depois de ler o "Beatles Gear", que é um livro lançado recentemente a
respeito dos instrumentos e equipamentos utilizados pelos Beatles,
percebi que existia bastante informação sobre os instrumentos do Paul.
Bastava reuni-las num único lugar. Com a ajuda de meus colegas Cláudio
Dirani, Carlos Assale e contribuições do pessoal da Macca-L (lista de
discussão sobre Paul McCartney), consegui montar aquele projeto de site,
que ainda pretendo dar uma melhorada visual, além de inserir novas
fotos que recebi desde a última atualização.
Nos últimos anos, comecei a investir mais seriamente em instrumentos,
começando pelos utilizados na Fab Revival: os contrabaixos Hofner 500/1
e Rickenbacker 4001, além do piano digital Kurzweil PC2. Além disso,
tenho um violão Martin D-28, guitarras Epiphone Casino, Fender
Stratocaster e Gibson Les Paul.
A banda Fab Revival, apesar de nova, já é considerada uma das principais do mercado cover nacional. Como você tem assimilado a rapidez com que as coisas têm acontecido?
Eu acho um grande barato! Mas não me deixo influenciar muito pelas
coisas, boas ou ruins, que acontecem. O importante é não perder o foco
da banda, que é levar um cover feito com amor aos Beatles para fãs que,
como eu, torciam por uma banda que tocasse não só os hits, mas também,
material mais alternativo como Sgt Pepper, Álbum Branco e Abbey Road.
O som da sua banda soa bem próximo da perfeição técnica. Vocês devem ensaiar muito para alcançar esse nível, certo? Como são os ensaios?
Ensaiamos bastante. Uma vez por semana, em média. Mas o treinamento
começa mesmo em casa, com cada um treinando sua parte, tirando as
dúvidas, para chegar no ensaio e somente resolver detalhes. E todo
mundo tem voz ativa. Por exemplo, o Beto Saglietti pode dar palpite no
contrabaixo, o Augusto pode dar palpite em alguma parte de guitarra do
Beto Iannicelli e assim por diante. Apesar da banda ser liderada pelo
Betão, o clima de ensaios e show é muito legal, totalmente democrático.
Isso motiva a gente bastante.
Como você se sente em trabalhar com o melhor George Harrison do Brasil, o maestro Beto Iannicelli? Você se considera um bom "Paul McCartney"?
Não somos muito chegados nesses conceitos de "melhor George Harrison"
ou "melhor Paul McCartney" do Brasil... muito mais importante que
trabalhar com ditos "melhores do Brasil", é o fato de trabalhar com um
dos caras que mais ama George Harrison nesse mundo, assim como adoro
Paul McCartney e o Augusto adora John Lennon. O grande barato de _fã_
tocar e cantar é que inevitavelmente colocamos uma energia a mais que
com certeza é percebida pelo público.
Eu tento ser o melhor possível fazendo minha parte, assim como todos da
Fab. A gente nunca está totalmente contente, temos uma auto-crítica que
chega a ser exagerada, mas é algo que nos empurra sempre pra frente,
sempre tentando aproximar nossa sonoridade dos Beatles. Em música, a
pessoa tem que sempre ter a cabeça aberta e estar apto a continuar
sempre aprendendo, sempre descobrindo coisa nova.
Vocês venceram o maior festival Beatle nacional e por conta disso irão se apresentar na Inglaterra. Planejam algum número especial para a terra dos Beatles? Como estão os preparativos?
Com certeza, mas ainda não temos nada planejado até porque estamos
aguardando a confirmação exata das datas da viagem. E outra, esse
negócio de viajar com a _banda_ para _tocar_ na Inglaterra é tão
surreal que ainda não consigo pensar nisso no plano da realidade!
Parece que não é comigo que aconteceu e vai acontecer tudo isso.
Vocês têm feito bastante apresentações no circuito paulista, principalmente no espaço chamado Little Darling. Como estão sendo os shows? O público têm prestigiado a banda?
Os shows têm sido ótimos! O público tem lotado os lugares em que a
gente toca. Já temos alguns grupos de várias idades que "seguem" a
banda, além de ter sempre gente nova chegando. E um negócio muito legal
é que na semana depois do show sempre pintam vários emails, tanto do
público cativo quanto dos novos elogiando o show, e ressaltando uma ou
outra parte que emocionou mais.
Quando os outros estados poderão conhecer a banda Fab Revival?
Certamente pretendemos tocar fora de SP, inclusive já temos
agentes trabalhando pela FAB em outras regiões do Brasil e até no
exterior. Portanto, acredito que muito em breve também estaremos
levando a música dos Beatles a todos os cantos do nosso país.
Aproveitando a oportunidade, fomos gentilmente convidados a participar
da Beatle Week de Buenos Aires, através do presidente do Cavern Club
argentino, Hernan de Lorenzi, que acontecerá em novembro.
Vocês se apresentaram no aniversário do Paul (18 de junho) esse ano. E no dia do Ringo (7 de julho), vai rolar alguma homenagem especial também?
Sim, dia 8 de julho (quinta-feira, véspera de feriado em SP) queremos
fazer uma bela homenagem ao Ringo.
Ainda vamos nos reunir com o pessoal da ZoomBeatles para programar, mas mesmo
que já estivéssemos com tudo planejado, eu não iria estragar a surpresa
né! ;-)
Que eu saiba, você é um grande colecionador de bootlegs. Quais os seus favoritos? Que tipo de bootleg você prefere? Os ao vivo, os 'alternates' ou os do tipo 5.1 (com os canais separados)?
Sim, sou viciado em bootlegs. Meus favoritos são os de estúdio, como o Studio #2 Sessions at Abbey Road e os
alternates, com mixes diferentes, como os Dr. Ebbett's mono americanos e agora esses 5.1 do Anthology.
Qual a sua relação com os formatos de música mais populares (discos de vinil, CDs, mp3, etc)? É um daqueles que defende o vinil com unhas e dentes?
Não sou muito exigente. Sei diferenciar um CD mal feito de um bem
feito, me incomodo com MP3 de baixa qualidade, mas não acredito que
vinil seja o melhor formato. O simples desgaste sofrido cada vez que se
toca um LP já me faz preferir formatos digitais. Compro vinis apenas
como hobbie e também acho legal a parte gráfica das capas e encartes
dos LPs, tanto que comprei até o Let it Be Naked em vinil. Mas
atualmente, tenho preferido passar meus CDs para MP3 (de alta
qualidade/resolução) e escutá-los no MP3 Player, deixando meus CDs
seguros e protegidos em casa.
Na sua opinião, o Paul ainda se apresentará no Brasil?
Sim. Ele está tocando em tantos lugares que acho difícil ele se esquecer do nosso país. Torço MUITO para ver o Paul esse ano ainda!
Entrevista feita por José Carlos Almeida
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