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Across The Universe

Por Cláudio Teran


Ao contrário do filme The US Vs. John Lennon, este Across the Universe saiu em DVD no Brasil. A edição importada é dupla, mas inclui legendas eletrônicas em português. E vem recheada de extras interessantes. O filme em si cumpre um papel que considero básico e bem vindo: consegue dar um tratamento 'jovem' à música dos Beatles, numa era de consumo desenfreado no qual a geração do download, do Orkut, do MSN e do iPod está inserida. A gurizada que não conhece bem os Beatles por estar mais ocupada em escutar Britney Spears, Lindsay Lohan, Justin Timberlake, Christina Aguillera e outros certamente vai amar a despretensiosa história de amor idealizada por Julie Taymor premiada por seus trabalhos em Frida e na adaptação de O Rei Leão para a Broadway.

Guerra do Vietnã, faculdade, sexo, drogas, rock and roll e o movimento hippie são encenados através de fatos e momentos marcantes retirados das músicas, e, sobretudo das letras de trinta e três canções dos Beatles. O relacionamento vivido por um rapaz de Liverpool chamado Jude (Jim Sturgess) e uma jovem estadunidense de nome Lucy (a bela Evan Rachel Wood) é uma prova acabada dessa intenção do roteiro.


Jude chega ao novo continente em uma busca pessoal de autoconhecimento e um pouco de aventura. Logo de cara, no campus da famosa Universidade de Princeton, conhece Max (Joe Anderson), irmão de Lucy. A amizade entre os dois rapazes é imediata, tal qual a cumplicidade entre John e Paul. Morando em Nova York, eles conhecem a cantora 'Saddie' (Dana Fuchs), o músico 'Jo-Jo' (Martin Luther McCoy) e 'Prudence' (T.V. Carpio), fechando assim o grupo de personagens principais.

À partir daí o que temos é um espetáculo musical. Cada um dos atores tem ao menos um momento solo garantido, entoando uma canção do quarteto de Liverpool. Essa opção tira força da história e pode ser interpretada por alguns como uma sucessão de videoclipes com resultados bons e ruins. Minha escolha como ponto alto fica com a 'performance' de I Want You (She's so Heavy) que mistura imagens reais de guerra com desenhos, grafites, e colagens ao melhor estilo Sin City com resultado avassalador.

Com participações especiais de Bono Vox (como o hippie Dr. Robert cantando "I am The Walrus"), Joe Cocker (triplo papel de um cafetão, mendigo e hippie emprestando sua voz rouca para "Come Together"), Salma Hayek (dançando "Happiness is a Warm Gun" vestida de enfermeira) e do comediante Eddie Izzard (o apresentador do circo em "Being For the Benefit of Mr. Kite!"), Taymor trabalhou com a intenção clara de ganhar outros públicos, inclusive se levarmos em conta 'a cara', ou seja, o visual moderninho da maioria dos atores. E o tratamento que canções como It Won't be Long receberam. Os intérpretes de Jude e Lucy caberiam com perfeição em produções como 'Patricinhas de Berverly Hills ou 'Legalmente Loira'.


Por outro lado o festival de 'referências' ao universo dos Beatles embutidos em cenas e situações que só os mais calejados sabem, revela que a produção também se preocupou com os fãs tradicionais. Nas passagens em que Saddie e Jo-Jo interpretam Oh! Darling e While my Guitar Gently Weeps, a produção adolescente parece que vai virar coisa séria, com suas luzes, cores e ambientações que remetem discretamente a algo como Tommy - A Ópera Rock do The Who. A interpretação de All You Need is Love no alto de um prédio não chega a impressionar, mas remete ao derradeiro concerto dos Fab Four no telhado da Apple.

O maior pecado de Across the Universe é um subproduto de sua vocação de musical. Cada uma das 33 músicas escolhidas é executada da primeira à última nota, tornando o filme longo. Algumas cenas poderiam ter ficado de fora, aparecendo como 'extras' do segundo DVD, assim como alguns personagens praticamente sem função. Mas não deixe de assistir. Across the Universe é uma diversão perfeita para jovens de oito a oitenta anos. A splendid time is guaranteed for all...









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