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Álbum Branco,
o disco cult dos Beatles
Por Vladimir Araújo e Claudio Teran.

Clique aqui e copie um papel de parede do fabuloso disco da capa branca! O ano de 1968 aí está, trinta e poucos anos depois. Não terminou, sem dúvida. Para entender é preciso olhar para trás. Foram provavelmente os doze meses mais efervescentes da história em todos os aspectos. Observe 1968 pelo ângulo político, social, cultural ou musical e você ficará impressionado com o desencandear de fatos históricos. Os BEATLES estavam lá com seu "olho-de-boi", o Álbum Branco. A candura da simplicidade de sua capa, por certo não traduzia em plenitude aquilo que havia sido fincado no sulco dos dois LP’s. O Álbum Branco dos Beatles era uma viagem de ritmos, cores, sons, tendências, poesia, contraste, neuroses, tensões, lirismo, paz e ódio.

A União Soviética os impedia de entrar por considerá-los uma praga do capitalismo. Acabou fustigada no humor provocativo de "Back in the USSR". Se "Yer Blues" é a desilusão, "Mother Nature’s Son" é a esperança. "Piggies", de George Harrison, apresenta uma letra que cai como uma luva na realidade da política brasileira. Uma genuína criação de 1968. Atualíssima por sinal. Há boa música no Álbum Branco. Passagens efetivamente clássicas, deixando claro para os últimos céticos, de que de fato havia mesmo vida inteligente no Rock’n Roll. O disco de "Sexy Sadie", de "Cry Baby Cry", de "Helter Skelter", de "While My Guitar Gently Weeps" foi gravada sob tensão. Alí as diferenças começaram, mas só ficariam claras muito tempo mais tarde, quando John Lennon revelou ao mundo que justamente em seu disco favorito, o perfeito Álbum Branco dos Beatles, o individualismo dominou o cenário do início ao fim. "Era John e a banda, Paul e a banda, George e a banda, Ringo e a banda".

Cientes daquilo que o famigerado AI-5 era capaz, os fãs fortalezenses da época foram às lojas Vox e puseram o disco pra tocar, sem imaginar que o sonho estava próximo ao fim. Trinta anos depois aqui está o Álbum Branco. Quem não ouviu, ou não entendeu, não perdeu absolutamente nada. Aquela criação eternizou-se. Está à disposição na loja da esquina, ou nos finais de semana do Programa Frequência Beatles. Ouça. Em meio ao vazio musical da atual década do cinismo, o Álbum Branco prova: ainda bem que 1968 ainda não terminou...

UM POUCO DE HISTÓRIA
Se o disco anterior do grupo, Sgt. Peppers, havia sido considerado sua Nona Sinfonia, o Álbum Branco era a Comédia Humana da banda. Desde suas origens o álbum já demonstrava suas diferenças. Da multicolorida e extremamente trabalhada capa do Sgt. Peppers à simplicidade de uma capa totalmente branca, somente com o nome do grupo em relevo. Os Beatles, pela primeira vez arriscavam-se a sair das asas de seu onipresente produtor George Martin para alçar voôs individuais, dispensando violinos, violoncelos e adereços sinfônicos em troca da orquestração mais básica do Rock’n Roll: bateria, guitarra, baixo e eventualmente um teclado. Fizeram seu disco cult. Com a maioria das composições do disco feitas na India, durante seu retiro espiritual, os Beatles voltam à Londres dispostos a despejar tudo em um disco. No Álbum Branco saíram trinta destas músicas, mas outras foram compostas. Em uma tarde, lá pelos fins de 68, reuniram-se na casa de George Harrison e gravaram em um gravador Ampex, o esboço do que seria o trabalho. E que disco! E que gravações!

Foi a época em que Ringo Starr saiu do grupo alegando que os outros não lhe davam atenção, para dias depois, ser recebido no estudio com imenso carinho e com direito a ter sua bateria enfeitada com flores. Foi também o tempo em que chegavam ao requinte de gravar sozinhos no estúdio. Simplesmente Paul ou John, sentavam-se, gravavam suas músicas e iam embora, sem qualquer participação dos outros integrantes da banda. Apesar de tudo, e sem saber, mais uma vez lançavam tendências ao aproximar o oriente do ocidente ou provando que boa música se faz com inspiração e sentimento e não com truques de estúdio. As faixas chamam a atenção pelo que introduziram no mundo do Rock. Do hard rock de Helter Skelter à colagem sonora de Revolution # 9 os Beatles mais uma vez, ainda que quisessem ser simples, mostraram ao mundo que apesar de tudo, é possível ousar. Como disse um crítico do jornal inglês THE OBSERVER ao comentar o Álbum Branco, "se ainda havia dúvidas de que Lennon e McCartney são os maiores compositores de canções desde Schubert, então este álbum certamente deveria varrer os últimos vestígios de esnobismo cultural e preconceito burgês num exultante dilúvio musical".









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