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Reviews
The Capitol albuns
Falando francamente...
Cláudio Teran & Vladimir Araújo
Não há como negar que a Caixa da Capitol é bonitinha. Tem um livreto lindo, cheio de fotografias e um belo texto de Mark Lewinsohn (esse cara tá nos devendo mais um livro). Agora saiu oficialmente em CD a versão diferente de "Thank You Girl". As embalagens dos disquinhos são bacanas - imitam bem um LP, e os fotolitos estão nítidos, muito bem recuperados digitalmente, embora (por tradição) a majestade dos vinis originais americanos continue insubstituível. Afinal, vem de uma época na qual a gente investia grana nos estrangeiros, porque a qualidade era melhor que a dos similares nacionais.
Similares? Nossa discografia em LP é mais parecida com a inglesa. Tirando a embalagem e o livreto, o que dizer mais da Caixa da Capitol? Há várias vertentes. O som dos discos não é melhor que o dos piratas que possuimos de cada um dos álbuns americanos, com capa e contracapas idênticas às dos antigos LPs da Capitol. Pela primeira vez na história dos Beatles na era digital, 'defeitos' são publicados! "She's a Woman" e "I Feel Fine" não deixam dúvidas. As versões em stereo, com aquele eco esquisito agora viraram 'oficiais' na era digital. Defeitos. São curiosos? Sim! Mas era ítem para a pirataria, a nosso ver.
Um aspecto que por certo chamará a atenção de todos é a qualidade sonora dos CDs. Lá estão duas mixagens em mono e stereo, mas não é a coisa real, ou seja: estaríamos a comemorar se os mixes ingleses dos 4 primeiros discos finalmente chegassem ao mercado. O material americano é visívelmente enfeitado com um eco que soa por vezes exagerado, caso de faixas como "If I Fell". Na era do vinil os americanos faziam isso para dizer que os discos deles tinham som superior, era o Full Dimensional Stereo. Quem critica lançamentos tipo "mais do mesmo" terá um prato cheio com essa Caixa, sobretudo pela sequência dos discos - cada qual contendo duas versões de cada música.
Honestamente jamais imaginei que a Apple/EMI deixaria as coisas chegarem ao mercado dessa maneira. Começo a crer que com a morte de George Harrison está valendo tudo em termos de lançamentos oportunistas. A Caixa Capitol é um balão de ensaio. Se vender bem (e parece que isso está ocorrendo) dará lugar a outras em futuro breve. O que ganhamos? Um belo ítem para a estante. Aquilo que verdadeiramente interessaria continua engavetado, como o DVD do filme Let it Be. Ou um relançamento caprichadíssimo da coleção oficial da banda de acordo com a tecnologia do SACD e coisas do gênero.
Vemos a Caixa Capitol como um descarado avanço na concorrência da oficialidade com o underground. Não vamos jogar fora nossos piratinhas caprichados, com capas e contracapas idênticas às dos LPs americanos. Neles, pelo menos é possível ouvir um único mix com os (d)efeitos inventados pelos americanos, relegados à condição de curiosidade...
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