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"Fly On The Wall"
só para alguns poucos

Por Luis Pinheiro de almeida

Paul McCartney despediu Phil Spector de "Let It Be" e deu ao Mundo um "novo" álbum dos Beatles, 33 anos depois da separação da banda, tragicamente reduzida a dois membros, curiosamente os que constituiam a secção ritmica do grupo.

Curiosamente, porque "Let It Be... Naked", a nova experiência, é um trabalho com mais ritmo, com mais balanço, mercê da nova filosofia de alinhamento e da nova "crueza" das canções, despidas do "wall of sound" característico de Phil Spector.

"Let It Be... Naked", título inventado pelo humor de Ringo Starr, é o segundo assalto mais recente na sedução de novos fãs, de novas gerações, depois do tremendo sucesso de há três anos com a colectânea "1", que figura hoje no "Guinness Book Of Records" como um dos discos mais vendidos de sempre. O "novo" álbum não é para fãs e a polémica àcerca da sua edição não mais terá fim. Fãs em todo o Mundo vão analisar até à exaustão de onde foram tiradas as novas versões, que bocadinhos foram aproveitados, que "truques" actuais de estúdio terão sido feitos.

No entanto, o objectivo do álbum é claramente outro e duplo: ao mesmo tempo que Paul McCartney sempre desejou repôr o que considera ser a "verdade histórica" de "Let It Be", aproveita-se a sua "vendetta" dando-lhe um sentido comercial na via estratégica de dar continuidade ao projecto a longo prazo de manter viva a chama dos Beatles através das gerações. Sem Phil Spector, as canções continuam fantásticas, mais cruas, mais reais, devolvendo aos Beatles a sua qualidade de banda de guitarras, quase uma banda de garagem. "Let It Be... Naked" acaba por ser o álbum que os Oasis têm procurado fazer nos últimos 10 anos.

"Get Back", "Dig A Pony", "For You Blue", "The Long And Winding Road", "Two Of Us", "I've Got A Feeling", "One After 909", "Don't Let Me Down", "I Me Mine", "Across The Universe" e "Let It Be" são, por esta ordem, uma outra perspectiva de olhar a derradeira fase dos Beatles? Melhor? Impossível de avaliar! É diferente e essa é outra das mais-valias da obra dos quatro de Liverpool: a hipótese de opção, mantendo a mesma bitola de qualidade.

Mas Paul McCartney quis dar um presente de Natal aos fãs mais empedernidos e compilou num segundo CD, "Fly On The Wall", 21 minutos e 56 segundos de pequenos extractos de canções e pedacitos de música que só mesmo os mais agarrados conseguirão apreciar mais amiudadamente. Chega a haver 3 segundos de "Don't Pass Me By"! Mas não deixa de ser curioso observar-se que em Janeiro de 1969 os Beatles tocavam "All Things Must Pass", que John Lennon já andava às voltas com "Imagine" ou que Ringo ensaiava a sua veia de compositor com "Taking A Trip To Carolina".

O duplo "Let It Be... Naked" é editado na Europa na próxima segunda-feira, 17 de Novembro, e nos Estados Unidos no dia seguinte. Estava o Mundo à espera de um disco destes? A resposta não é líquida, mas seguramente que o Mundo dispensaria muitos outros que vão andar por aí.

LPA
Lisboa-Portugal









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