Reviews
The Beatles Love
É demais para o meu coração de BeatleFan.



Por Rafael Mccaweiss*

Eu não dava nada por essa história de "The Beatles Love". Acho que só pelo Cirque Du Solei, a coisa valia, mas as colagens de George Martin e seu filho ficariam só nas "colagens". Eu tinha medo de ouvir isso. Engano meu.

Hoje fuçando em uma comuna do Orkut (enfim, ele serve para alguma coisa), me deparo com um link para baixar o famigerado disco The Beatles Love que estava dividido em duas partes. Lá fui eu. Agora com 160 giga de HD e mais 512 de memória ram (viagem para o Paraguay foi boa). Donwload rápido e em pouco tempo estou com o arquivo em rar no meu HD. Fiquei na dúvida se ouvia agora ou se escrevia um discurso para a secretária de saúde, minha chefe aqui em Itajaí.

Bom, o que eu ouvi primeiramente é a segunda parte do disco The Beatles Love. Nem ouvi a primeira. O maldito do Rapidshare me fez esperar 55 minutos para baixar a primeira parte. Mas tudo bem, comecei pelo fim. Cada vez mais impressionado com o que ouvi, tenho a nítida sensação que este disco é realmente bom. O enredo é assim: é tudo Beatles, mas imaginem que todas as músicas foram lançadas ontem. Só para nos situarmos, a música mais recente dos Beatles, além de "Free as a Bird", de 1995, é "I me Mine", do George Harrison, gravada em março de 1970.

O The Beatles Love tem essas músicas que conhecemos, com quase 40 anos cada uma, mas que soam tão novas, mas tão novas, tão atraentes, que parecem que foram feitas ontem. Que colagens que nada! A cada faixa, eu descubro que Sir. George Martin é o quinto beatle, sem sombra de dúvidas. O homem está com quase 80 anos, mas tem uma percepção, uma certeza de como se tivesse seus 35 anos, quando gravou Love Me Do em apenas duas horas com Paul, John, George e o Ringo tocando maracas.

The Beatles Love são apenas colagens de tudo que foi gravado no estúdio pelos Beatles e pelas orquestrações de Martin. Na primeira faixa da parte 2, já fico de cara com uma colagem muito bem feita de "Tomorrow Never Knows" e de "Within You Without You". Uma piração que deixa a velha Tomorrow muito mais avançada do que qualquer faixa dessas bandinhas novas.

Chorar em "Here Comes the Sun" com "The Inner Light"? Sim, nada mais do que normal, pois com as novas mixagens da EMI para todo o catálogo dos Beatles, fica muito nítida que a gravação foi feita ontem. Sentir a voz e o violão de George Harrison misturada num clímax indiano é inigualável. George Martin conseguiu isso mesmo tendo dois beatles já falecidos. O meu medo das colagens já havia passado na primeira faixa da segunda parte do disco. Era apenas o começo da audição.

Mas ainda era preciso baixar a primeira parte, ter o conjunto da obra é muito mais gratificante do que ficar apenas no 1X0. Uma coisa eu quero já deixar registrado aqui neste texto. Já vou adiantando para que a EMI Records não se preocupe comigo. Sou apenas um afobado, um jornalista musical beatlemaníaco inveterado que não se conteve e baixou "pirateiramente" falando o Love, mas já garanto que quando o disco sair no Brasil, serei o primeiro a comprar ele numa loja.

Baixando a primeira parte do disco que abre com "Because", Love já emenda numa alucinante entrada para "Get Back". Essa música que já é muito fantástica originalmente e principalmente quando foi executada no telhado da Apple Records em 1969, fica ainda mais vibrante e realista nas colagens e mixagens da família Martin. "Eleonor Rigby" e "Júlia". Eleonor é a música que trouxe uma brasileira de 71 anos para o Cirque Du Solei, mostrada no Fantástico, da Rede Globo, do último domingo, pelo doutor Dráuzio Varela, tem-se a nítida sensação que Paul Mcca trabalhava bem com Martin no quesito cordas. Stockausen, Bach, Beatles, uma fórmula para lá de explosiva, encantadora.

Bem, comentários a mais neste texto só serão mera reprodução do meu puxa-saquismo e "baba-ovismo" gratuito. Acredito que fiz a minha parte em ouvir isso e mais uma vez em 18 anos, redescobrir os Beatles. Com 08 anos de idade eu fiz o meu pai comprar um disco desses caras. Não sei como e porquê. Meu pai não levou muita fé e pediu para uma loja de discos uma fita K7, pois temia que eu iria detonar o vinil. Gravou logo de cara o Please, Please Me. Isso foi há 18 anos atrás.

Com certeza The Beatles Love será uma nova safra de beatlefans que irão se multiplicar pelo mundo. Acompanho há 5 anos o site www.thebeatles.com.br. Neste tempo todo no ar, o site já ajudou de alguma forma, a criar ainda mais beatlemaníacos pelos confins do Brasil. Não será muito diferente agora. Socializando a "descoberta" com um colega do MSN, ele me definiu bem: "Cara, serão novas gerações de gente que vai ouvir Beatles, uma banda que acabou em 1970, 36 anos atrás", enfatizou o colega de Chat. O resto é história.

Rafael Weiss é jornalista de Santa Catarina, produtor e apresentador do programa Rockline na webradio TWR (www.twebradio.com)

TRACKS:
Because
Get Back
Glass Onion
Eleanor Rigby/Julia
I Am The Walrus
I Want To Hold Your Hand
Drive My Car/The Word/What You're Doing
Gnik Nus
Something/Blue Jay Way
Being For The Benefit of Mr. Kite!/I Want You (She's So Heavy)/Helter Skelter Help!
Blackbird/Yesterday
Strawberry Fields Forever
Within You Without You/Tomorrow Never Knows
Lucy in the Sky With Diamonds
Octopus's Garden
Lady Madonna
Here Comes The Sun/The Inner Light
Come Together/Dear Prudence/Cry Baby Cry
Revolution
Back In The U.S.S.R.
While My Guitar Gently Weeps
A Day In The Life
Hey Jude
Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (Reprise)
All You Need Is Love









Free Web Hosting