Reviews
Ringo Starr
Choose Love



Choose Love é uma surpresa, e daquelas que nos faz abrir um sorriso bobo. Pois temos aqui um dos melhores trabalhos já feitos por Ringo Starr. Ringo, solidificando sua parceria com o produtor e músico Mark Hudson, reafirma seu amor pela obra dos Beatles, a banda da qual que ele fez parte nos anos sessenta, e se vê na condição de arauto do amor. Ringo é colorido! Ringo é sincero! Ringo é o bom-humor! Esse disco, que nós do Portal Beatles Brasil tivemos a oportunidade de ouvir através de uma "advanced copy", deverá chegar às lojas em junho, e segundo nosso grande amigo e colaborador Cláudio Teran, com probabilidade de mudanças no set list. De qualquer maneira, esse disco é antes de tudo um passaporte para adentrarmos a vida e a filosofia desse incrível baterista-cantor-artesão. Uma verdadeira aula do que o "rock’n’roll is all about!" Vida longa a Ringo Starr!

Faixa 1 – Fading In And Out
Um típico country-rock ringoliano. O bom-humor e a força positiva já se fazem presentes através da letra "why give up when there’s a chance to start again". Também já se ouve uma harmonia um tanto "torta", que acaba por se mostrar uma constante no álbum, provável influência de George Harrison.

Faixa 2 – Give Me Back The Beat
Parece que Ringo experimentou e gostou da fórmula "bom riff de guitarra cria um rock sólido" desde Back Off Boogaloo. Com uma levada jazzística e bons backing vocals, demonstra como a produção de Mark Hudson evoluiu desde Ringo Rama.

Faixa 3 – Oh My Lord
Verdadeiro achado da carreira de Ringo Starr, Oh My Lord é uma das faixas mais belas do álbum. Um verdadeiro hino, que trabalha com a idéia de "crescer" a música, e apresenta uma linda guitarra slide (outra constante do álbum), que atinge o ápice sempre em seu refrão. Sticky! Dá pra se continuar cantarolando-a por horas!

Faixa 4 – Hard To Be True
Um delicioso "walk", que acaba por se transformar em um musicão. O que assombra mesmo são os backing vocals. A impressão que dá é que o próprio George Harrison está lá no estúdio com Ringo, prova maior da admiração do baterista pela obra do íntimo amigo.

Faixa 5 – Some People
Com uma levada tipicamente beatle, a melodia inicial remete a Somebody to Love, do Jefferson Airplane. A sensação é de se ouvir uma faixa deixada de fora de Rubber Soul. Uma guitarra ‘fala’ no solo como se fosse tocada por David Crosby, dos Byrds. Uma mini-aula de rock ministrada por professor Ringo!

Faixa 6 – Wrong All The Time
Uma belíssima balada, com o Hammond de Billy Preston respondendo à melodia do piano. Digna de um musical escrito por Cole Porter. Ringo continua sua jornada em divulgar o amor como último e único instrumento de necessidade, mascarando-a em uma letra romântica.

Faixa 7 – Don’t Hang Up
Um grande rock! Não há muito mais o que se dizer a respeito da fantástica colaboração de Ringo Starr com Chrissie Hynde. Como ninguém pensou nisso antes? A guitarra remete a Sgt. Pepper’s, e novamente o slide característico da obra beatle mais contemporânea, da época do projeto anthology. E mais uma aula de boa produção! Ponto para Hudson.

Faixa 8 – Choose Love
Mais um riff que, rasgando, abre o caminho para a maior homenagem de Ringo aos Beatles, a princípio, no papel de uma levada de baixo e guitarra idêntico a Taxman. Impossível de se permanecer parado. O papel de Ringo é de afirmar que tudo o que os Beatles disseram nos anos sessenta ainda é válido (the long and winding road is more than a song). E "no matter what you choose, choose love! Porque afinal, ‘all you need is love!’ Love! Love! Love! Love!

Faixa 09 – Me And You
Ringo entrega uma balada com a maravilhosa levada de violão caracterizada por John Lennon nos Beatles e que foi consolidada em Real Love. Dá para imaginar um jovem Ringo brincando pelas ruas de Liverpool, levando flores para essa ‘Darling’ da canção. Ou para Barbara!

Faixa 10 – Satisfied
Ringo definitivamente não está compondo de maneira linear. Todas as composições do disco estão repletas de melodias e harmonias riquíssimas (embora alguns jazzistas chatos devam discordar, mas deixa pra lá!). Um bom exemplo disso é I Won’t Be Satisfied, um ótimo rock que traz de volta a mágica dos Beatles, aquela que sempre surpreendia os ouvintes de primeira viagem com os rumos inesperados que uma canção pode tomar.

Faixa 11 – The Turnaround
Outro riff? E é um daqueles que só havia no Creedence Clearwater Revival! Várias pessoas, músicos inclusive, não conseguem entender o "porquê" de Ringo ser considerado um dos melhores bateristas do mundo. Em uma palavra, são simplistas. Eles, e não Ringo! Ringo é um artesão, que aprendeu ao longo dos anos a difícil manufatura de entregar algo simples e de qualidade. Quem se habilita a experimentar? E bola dentro nesse super blues!

Faixa 12 – Free Drinks
E Ringo surfa! Free Drinks é um ode ao estilo de música eternizado na guitarra de Dick Dale. E haveria alguma maneira melhor de terminar um disco tão bom, comparável aos melhores álbuns de carreira-solo de qualquer outro ex-beatle? Graças a Deus, temos entre nós um artista tão eletrizante como Ringo, Seu eterno arauto do amor!

Rafael Godoi
27/04/2005









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