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Reviews
Yoko Ono
Yes, I'm a Witch
Por Alexandre Amorim
Um grande amigo me passou as músicas do disco novo da nossa querida japinha em mp3 e eu me senti na obrigação de ouvir. Seguem minhas considerações sobre o CD.
O disco de Yoko é, então, uma compilação de releituras de suas músicas, mas também um disco conceitual, se quisermos ver assim. Tem uma introdução "shocktrônica" (???) da bruxa, tem a confirmação irônica da própria Yoko que ela é mesmo uma bruxa, e tem um final também "shocktrônico", seja lá o que isso for. O disco todo é carregado de eletrônica, de um som moderno que casa bem com seus gemidos (literalmente), com suas letras e com sua voz. Mas me incomoda um bocado essa preocupação que Yoko tem em ser "hip", em estar sempre no topo da onda da modernidade. Parece querer mostrar que, como está antenada com o que há de mais novo na música, é uma artista de vanguarda e por isso deve ser respeitada.
Acontece que ser de vanguarda não significa necessariamente que se é um artista de respeito. Não basta ser weird para ser artista. Além disso, ser de vanguarda não é correr atrás do rabo do que é moderno, mas criar sua própria modernidade (e eu não posso deixar de citar uma tal banda dos anos 60 que vivia fazendo isso, disco após disco...). Yoko consegue fazer amizades hips, ser uma velhinha cool que anda com a garotada descolada, mas não consegue elaborar um material verdadeiramente novo e genuíno. Não digo isso porque esse disco seja uma compilação de releituras, mas porque sua música nunca foi original e hoje consegue ser um simulacro ainda maior do que ela pressupunha ser arte de vanguarda.
E, mesmo quando as baladas tomam conta, temos que lutar contra a estranheza de sua voz. E quanto à voz, meu amigo... eu sinto muito. Sei que é lugar comum reclamar da voz da "bruxa", mas aquela voz aguda realmente não é sinônimo de voz aguçada. Pelo contrário, é uma voz que semitona, perde o tempo da música e hoje em dia está claramente gasta.
Por isso tudo, não acho o disco interessante. Vai interessar a quem conhece (e curte) a eterna vontade de Yoko em ser vanguarda, vai interessar a quem curte raves e música eletrônica. A mim, velho roqueiro e também fã de melodia, não deu tesão nenhum. Valeu por ter me passado as músicas, camarada! Obrigado mesmo por ter insistido em me fazer escutar. Mas a senhora Lennon, para mim, continua não valendo a pena.
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