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Homenagem a George Harrison

Por Carlos Assale


Sou suspeito. Mas comentar a excelência de um show da FAB é redundante. Casa lotada, alto astral, mesa de som nova e portanto som refinado, tudo conspirando a favor de mais uma bela noite beatlemaníaca.

Abrindo a primeira parte com "I Saw Her Standing There" e fechando com "You Never Give Me Your Money/The End", abrindo a segunda parte com "Hey Bulldog" e fechando com "I Should Have Known Better", passando pelos "tour-de force", "Martha My Dear", "Savoy Truffle", "In My Life" com um solo de piano perfeito do Andrea - que flutuava de tão alegre, com a voz do Max tinindo desde a primeira nota e com total controle sobre seus instrumentos, com o Augusto que parecia estar sob controle de algo que acontecia em outra esfera, com o Saglietti inspiradíssimo oferecendo a alta-potência-suave como só ele sabe fazer e com o Beto Iannicelli incorporando George através de Krishna, foi covardia. As pessoas vibraram até o fim e permaneceram absortas, enfeitiçadas, agitadas, satisfeitas com aquela música que saía do palco. No dia seguinte ouvi relatos orgulhosos de pessoas que ficaram 39 horas acordadas só para participar da festa. Magia? Sempre é...

Mas a noite era de George e entre a primeira e a segunda parte houve um mini-concerto especial em comemoração à data de seu aniversário. Casa escura, foco no Beto e "While My Guitar Gently Weeps" foi chorada na versão acústica. Enquanto um acorde de Sol Menor morria, tamburas tomaram o ar com seu som peculiar. Incensos foram acesos e seu perfume adensou o ar. Podia-se sentir a eletricidade se acumulando nos cérebros das pessoas, nos seus corpos, tornados condutivos por aquela transpiração emocional, que mesmo o ar condicionado não evita. Enquanto o potencial elétrico lentamente aumentava, uma luz, na mesma proporção, tornava cada vez mais claro um enorme rosto de George. Ele, escondido não sei aonde, entoava Nahma Parvati. O potencial chega ao máximo, então produz uma descarga e todas as luzes se acendem ao mesmo tempo que soa a primeira nota de "While My Guitar Gently Weeps", desta vez elétrica, alimentada pela carga acumulada naqueles corações e mentes. Todos ali presentes mandaram ao mesmo tempo seus votos de amor àquele homem que partiu mas não nos deixou....

A homenagem continuou e eu tive a honra, ninguém imagina quanta, de fazer momentaneamente parte da banda e começar dar a minha contribuição tocando violão em "Isn't A Pity" e cantando "Between The Devil And The Deep Blue Sea" com a banda e ao ukulele. O paulmaníaco Max também homenageou George cantando "Blow Away", com o Beto na "slide-guitar" e "Apple Scruffs" com o Guappo na gaita e o Beto ao violão.

Voltei ao palco para cantar "I'll See You In My Dreams" com a banda e ao ukulele e ajudar a fechar o mini-concerto com "My Sweet Lord". Esses momentos me deixaram muito feliz. É muito bom tocar com a Fab!!! Sorte a minha que de vez em quando eles me deixam fazer isso....hehehe...

Após o mini-concerto, a segunda parte aconteceu e teve um final apoteótico, totalmente de acordo com o clima do local. A espetacular beatle-cover Abbey Road, quase completa (4 de seus 5 componentes), estava assistindo ao show e foi convidada a subir ao palco. O clima de amizade e o alto astral fez com que as últimas canções tivessem sabor especial. Também presente, Augusto Xavier - âncora da RedeTV, beatlemaníaco e músico - foi convidado a subir ao palco. No violão de 12 cordas tocou "A Hard Days Night" junto com todos. No meio dessa canção, eu não resisti catei a primeira guitarra que vi e também subi ao palco. Terminamos com "I Should Have Known Better" enquanto a platéia descarregava o último elétron que ainda conseguia gerar.

Muita gente "Should Have Known Better" o que é ser beatlemaníaco...

Eu quero mais....








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