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 Love
 
 
   Por Luís Pinheiro de Almeida
 Lisboa - Pt
 
 "Love" é um acontecimento que engrandece os Beatles, mas sobretudo faz orelhas moucas à surdez de George Martin, produtor de sempre dos "quatro". Engrandece (uma vez mais) os Beatles, porque este tipo de acontecimento só é possível com a música dos Beatles. Quem mais, se não o quarteto de Liverpool, - e perdoem-me o radicalismo - tem um ficheiro destes carregado de música, canções, ousadia, melodia, experimentalismo, simplicidade, ingenuidade, novidade, inocência, avant garde, originalidade? Sim, quem mais? Quarenta anos depois, Katie Melua ainda está disponível para uma excelente versão de "Lucy In The Sky With Diamonds". Isto não conta?
 
 "Love" é um trabalho notável de mistura de "bits and pieces" (não, não é a canção dos Dave Clark Five), das mais de 200 músicas que os Beatles compuseram num curto período de oito anos, entre 1962 e 1970. Cada faixa incorpora um tema central a que se juntam, em perfeita união, milésimos de segundos de outras canções que só um surdo da estirpe de George Martin, com a ajuda do filho, Giles, poderia acasalar.
 
 "Love" vai estar para os próximos anos, como a Antologia esteve a meio da década de 90 e "1" no início deste milénio. Não houve gato-pingado que não tivesse a sua pseudo-Antologia, que não tivesse o seu pseudo-1. Até Michael Jackson! Daqui a uns trimestres não faltarão "Loves", cópias da (mais uma) inovação dos Beatles. Só restam dois, mas continuam a dar cartas. Esta é, porém, uma questão que apelido de marketing do "império beatle".
 
 Outra coisa é: que ganha o Mundo com este "novo" álbum dos Beatles? Uma coisa é certa: "Love" é um excelente quiz para os serões de Natal: pais e avós a tentar identificar os pedacitos de música, filhos e netos a evitar hostilizar para não perder a prenda suculenta no sapatinho. Será divertido e juntará famílias.
 
 Falando sério: em todo o Mundo, fãs dos Beatles discutem a edição. A opinião não é unânime: há os que sim, tal e etc, porque tudo o que vem dos Beatles está certo, há no entanto os que prefeririam ter reedições dos álbuns originais dos Beatles na mais moderna tecnologia de som, o que ainda não existe. Uma lacuna grave!
 
 Eu, por mim, só tenho pena de não ter em casa uma aparelhagem digna de ouvir este "Love". Sim, é digno de ouvir! David Ferreira tem razão: os Beatles trabalharam que nem cães para chegar onde chegaram. E eu acrescento: ter sorte dá muito trabalho!
 
 PS - Num próximo futuro, haveremos de ter um "novo" álbum dos Beatles chamado "Peace".
 
 Luís Pinheiro de Almeida
 
 Alinhamento:
 Because
 Get Back
 Glass Onion
 Eleanor Rigby/Julia
 I Am The Walrus
 I Want To Hold Your Hand
 Drive My Car/The Word/What You're Doing
 Gnik Nus
 Something/Blue Jay Way
 Being For The Benefit of Mr. Kite!/I Want You (She's So Heavy)/Helter Skelter 
Help!
 Blackbird/Yesterday
 Strawberry Fields Forever
 Within You Without You/Tomorrow Never Knows
 Lucy in the Sky With Diamonds
 Octopus's Garden
 Lady Madonna
 Here Comes The Sun/The Inner Light
 Come Together/Dear Prudence/Cry Baby Cry
 Revolution
 Back In The U.S.S.R.
 While My Guitar Gently Weeps
 A Day In The Life
 Hey Jude
 Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (Reprise)
 All You Need Is Love
 
 
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