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	|  |  | | Reviews Paul McCartney em Gijón
 O Verdadeiro Príncipe das Astúrias
 
 
   
 Por Luís Pinheiro de Almeida em Gijón, Espanha
 
 
 Gijón, Espanha - Terça-Feira, 25 de Maio de 2004
 Os deuses ficariam muito arreliados se os portugueses não vissem Paul McCartney
na próxima sexta-feira no Rock In Rio. É que depois da Expo 98, com o Euro
2004 aí, ficariam ainda mais babados quando ouvissem o ex-Beatle contar a
história da mais famosa canção da música pop, "Yesterday".
 
 Paul McCartney, Sir de Sua Majestade Isabel II, foi terça-feira à noite em
Gijón, o verdadeiro príncipe das Astúrias, saudado por mais de 40 mil
"súbditos" asturianos que encheram o estádio do Sporting local, El
Molinón, no início da digressão "04 Summer Tour".
 
 Aos 62 anos, o ex-Beatle ainda consegue cantar a mítica e difícil canção
"Helter Skelter", o que faz pela primeira vez ao vivo, ainda consegue
surpreender ao fim de três mil concertos, e ainda tem forças e boa
disposição para estar em palco como se tivesse 20 anos.
 
 DICA PARA COLECIONADORES
 
  É um espectáculo imperdível e os portugueses terão boas razões para o
guardar na memória. Na actual depressão colectiva nacional, com a auto-estima
no esgoto, é um lenitivo irrecusável.
 
 Desde logo, o programa oficial da digressão dá especial destaque ao facto de a
letra de "Yesterday" ter sido escrita em Portugal e de ser agora em Lisboa
a primeira vez que o ex-Beatle a canta em terras lusitanas, exactamente 39 anos
e um dia depois de a ter finalizado numa viagem de automóvel de cinco horas
entre o aeroporto da capital e Albufeira.
 
 Não foi a noite fria nem a constante ameaça de chuva que impediram que mais de
40 mil pessoas, maioritariamente adultas, se aventurassem no velhinho estádio
municipal, prestando vassalagem ao verdadeiro Rei da Pop, coroado Príncipe das
Astúrias na boda musical de Gijón.
 
 Num cenário especialmente concebido para a mística de Glastonbury - único
fito de McCartney nesta digressão - o ex-Beatle construiu o seu maior
espectáculo de sempre, com um sistema de video jamais visto e um jogo de luz,
imagem, explosões e fogo de artifício que não deixa ninguém indiferente.
Desde 2000 que Paul McCartney anda ininterruptamente na estrada, surpreendendo
pelas soluções que encontra para não saturar o mercado nem enfastiar o
público. Desde há muitos anos, esta é porém a sua primeira digressão de
estádio, o que lhe permitiu dar aso à imaginação e criatividade e utilizar
à outrance as tecnologias disponíveis.
 
 Com um casaco vermelho à Mao-Tsé Tung e jeans azuis, Sir Paul iniciou o
concerto com "Jet", do tempo dos Wings, mas a primeira grande explosão do
público dá-se com "All My Loving" e todos a cantar a uma só voz.
Do baú dos Beatles e das canções que compôs para a banda, McCartney ainda
tem muito para estrear, optando desta feita por "You Won't See Me",
"She's A Woman", "I'll Follow The Sun", "For No One", "Drive
My Car", "Penny Lane", "I've Got A Feeling" (onde se notou a falta
da segunda voz de John Lennon) e essa mítica "Helter Skelter", numa voz
poderosíssima de 62 anos. Impressionante!
 
 
   Este é, aliás, o concerto de Paul McCartney com o maior número de sempre de
canções dos Beatles - 23 em 33 - e o filão não está ainda esgotado.
Do não menos mítico "álbum branco", "Helter Skelter" foi composta em
1968, depois de Paul McCartney ter lido nos jornais que os Who eram a banda
inglesa mais barulhenta. McCartney quis provar o contrário.
Outra das grandes surpresas do concerto foi também a estreia ao vivo de "In
Spite Of All The Danger", a única canção jamais composta por Paul
McCartney e George Harrison, e que foi a primeira gravação antes dos Beatles,
em 1957. Existe um único exemplar do disco que, obviamente, está na posse de
Paul.
 
 Dialogando constantemente em castelhano com o público, o ex-Beatle parecia um
garoto, repetindo várias vezes o final de "I'll Follow The Sun",
argumentando que a canção era curta.
 
 Não esquecendo os seus companheiros nos Beatles, McCartney voltou a homenagear
John Lennon em "Here Today", George Harrison em "All Things Must Pass"
(anteriormente era com "Something" no cavaquinho) e Ringo Starr com um
extracto de "Yellow Submarine" cantado em uníssono pela multidão.
O estádio também veio abaixo com "Penny Lane", "Get Back", "Hey
Jude" e "Yesterday", mas o ponto alto, em termos visuais, ocorreu com
"Live And Let Die".
 
 Às estafadas explosões e chamas de digressões anteriores, Paul McCartney
acrescentou agora um soberbo fogo de artíficio que só os concertos ao ar
livre permitem. Em Lisboa, seguramente que se deve ver da Margem Sul.
 
 Alinhamento:
 Jet
 Got To get You Into My Life
 Flaming Pie
 All My Loving
 Let Me Roll It
 You Won't See Me
 She's A Woman
 Maybe I'm Amazed
 The Long And Winding Road
 In Spite Of All The Danger
 Blackbird
 We Can Work It Out
 Here Today
 All Things Must Pass
 I'll Follow The Sun
 For No One
 Calico Skies
 I've Just Seen A Face
 Eleanor Rigby
 Drive My Car
 Penny Lane
 Get Back
 Band On The Run
 Back in The USSR
 Live And Let Die
 I've Got A Feeling
 Lady Madonna
 Hey Jude
 Yesterday
 Let It Be
 I Saw Her Standing There
 Helter Skelter
 Sgt Pepper's/The End
 
 LPA
 Lisboa-Portugal
 
 
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Paul em Girón, EspanhaSegundo Review
 
 Leia também um segundo review produzido pelo jornalista Luis Pinheiro de Almeida, este para a Agência Lusa, de Lisboa, Portugal.
 
   
Mais de 40 mil pessoas vitoriaram Paul McCartney terça-feira à noite no
estádio municipal de Gijón, nas Astúrias, no incío da digressão "04
Summer Tour" que sexta-feira passa em Lisboa na abertura do Rock In Rio.
Em duas horas e meia de concerto, o ex-Beatle estreou canções ao vivo como
"You Won't See Me", "She's A Woman", "I'll Follow The Sun",
"Drive My Car", "Penny Lane" e "Helter Skelter", esta última uma
verdadeira surpresa para uma voz que já conta 62 anos.
	 
Outra das novidades deste concerto residiu na interpretação de "In Spite Of
All The Danger", a única canção jamais composta por Paul McCartney e
George Harrison, e que constituiu a única gravação em disco dos "quatro de
Liverpool" antes dos Beatles.
	 
Só existe um único exemplar do disco que se encontra na posse de McCartney. O
ex-Beatle cantou a canção sozinho em palco, acompanhado apenas por uma
guitarra acústica, perante a estupefacção do público.
	 
Com o maior sistema de video jamais visto em concertos ao vivo, Paul McCartney,
vestido com um casaco vermelho à Mao-Tsé-Tung e de jeans azuis, começou o
concerto com "Jet", a que se seguiram "Got To Get You Into My Life",
"Flaming Pie" e "All My Loving", na que foi a primeira grande explosão
da multidão que cantou a canção em uníssono.
	 
Sempre dialogando em castelhano com a assistência, desfilou depois "Let Me
Roll It", "You Won't See Me" e "She's A Woman", enquanto nos
gigantescos videos passavam imagens da "beatlemania".
	 
Depois de um "Viva o Sporting!" (clube local), McCartney sentou-se ao piano
para "Maybe I'm Amazed" e "The Long And Winding Road", voltando à
guitarra para "In Spite Of All The Danger", "Blackbird" e "We Can
Work It Out", após o que homenageou John Lennon em "Here Today", George
Harrison em "All Things Must Pass" e Ringo Starr com um extracto de
"Yellow Submarine", acompanhado pelo público.
	 
Com um concerto sobretudo baseado nas canções que compôs para os Beatles, Sir
Paul McCartney entreteve com "I'll Follow The Sun", "For No One",
"Calico Skies", "I've Just Seen A Face", "Eleanor Rigby" e
"Drive My Car".
	 
A recta final do concerto foi "de loucos" com um sempre bem disposto e em
forma Paul McCartney a dar o máximo em "Penny Lane", "Get Back" (que
pôs a multidão em histeria), "Band On The Run" (com imagens dos Wings) e
"Back In The USSR".
	 
Sob o ponto de vista visual, "Live And Let Die" foi o ponto alto do concerto
com explosões várias e fogo de artifício diverso no meio da parafernália do
cenário de palco, nunca antes visto em digressões do ex-Beatle.
O concerto terminaria com "I've Got A Feeling" (onde se notou a falta da
segunda voz de John Lennon), "Lady Madonna" e "Hey Jude", com o
habitual coro de milhares de vozes.
	 
Para o primeiro encore, Paul McCartney utilizou "Yesterday", "Let It Be"
e "I Saw Her Standing There" e para o segundo "Helter Skelter" e
"Sgt. Pepper's/The End", após o que regressou feliz e contente - como
confessou - a Londres, deixando a sua magia no ar.
	 
Lusa/Fim
 
LPA
 
Lisboa-Portugal
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 DICA PARA COLECIONADORES
 
  
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